“Eu esqueci, eu não tentei fugir depois do teu abraço caloroso. Não me restou vestígio da luta pela própria sobrevivência. Coloquei o filme com áudio russo e assisti sem legenda. Também falei que a letra daquela música francesa era extremamente dramática, mas não sei identificar sequer uma palavra do que ela diz. Eu não me pressiono para cumprir os compromissos e jurei, algum dia no final da adolescência, que eu seria mais responsável. Se eu colocar a culpa em ti, diz para mim que não vais correr, meu amor. Meu desleixo no dia da semana, minha preguiça em fazer o que devo, todos os frutos da minha impontualidade se resumem a ti. E eu finalmente esqueci de prestar atenção em qualquer coisa que eu pudesse fazer, só porque seu sorriso me prende de um jeito bandido demais. Autoridade tu não tens para me consertar, mas espero que meu coração compense. Porque exatamente agora minhas mãos só querem subir pelos teus braços, mais nenhum trabalho, mais ninguém, mais nada. E eu nunca prestarei atenção em nenhum filme enquanto teus lábios estiverem nessa proximidade gritante. Eu não respiro e nem me mexo, para que tu não mudes de posição, para que fiques quieto e me deixes olhar, decorar os minúsculos traços responsáveis pelo desenho do rosto mais importante da minha vida. Nem sei mais se o sol e o vento entram pela janela, tudo o que consigo sentir é o que emana de teu peito. Então aceita essa forma torta que eu apresento ao teu lado. Abraça-me com meus sentidos atordoados de tanto tragarem teu cheiro. Ama consciente da gigantesca parte que tu ocupas em mim.”
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