Olhe para nós, meu bem. Se ainda existe maneira de ressuscitar a paz em meus olhos vermelhos, por que tanto tempo? Você não me beija mais como se fosse o último beijo, como se estivesse prestes a ir embora. Porque agora você está indo, de verdade. Isso é o que mais amarrota os corações alheios, a contradição dentro de um caso tão bonito. Você não me beija mais porque deve estar com medo de desistir, de querer ficar, de se perder outra vez por vontade própria. Mas o medo que tem se instalado em mim é muito maior. Você não vê, não? Eu não sei como continuar sem você. Enquanto estávamos perdidos juntos, tudo bem, não havia escuro que me tirasse dos seus braços, não havia barulho que me assustasse. E agora, que estou sozinha, sem saber o caminho certo, quase vítima da noite solitária, quase escrava do silêncio que restou? Eu choro, choro, mas chorar nunca adianta. Alguma coisa em mim nasceu muito errada, porque minhas lágrimas não conseguem escorrer a dor como as lágrimas das outras pessoas fazem. Eu quero ir para casa. Pelo amor de Deus, eu não suporto o frio. Eu quero me encolher em minha cama, abraçar minhas pernas, afogar a sua ausência no travesseiro. Eu preciso secar essa alma que escorre pelos olhos, mas cadê sua voz na madrugada me pedindo para ter calma?
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