quarta-feira, 10 de agosto de 2011

muito bem guardado

Aquele cheiro de brigadeiro vindo da cozinha me convenceu a ficar na cama por mais tempo do que deveria. Enfiei minha cabeça para baixo das cobertas e fiquei ali sentindo meu hálito enquanto esperava você subir com a panela quente para comermos assistindo pela milésima vez aquele filme preto e branco que sempre me faz chorar. E quando você finalmente veio eu senti um desejo de beijar-te a boca e sentir teu gosto, tão doce quanto qualquer leite condensado com nescau. E senti aquele desejo de me embriagar no licor que és, amor da minha vida, aquela nota amarga na tua doçura que me inebria enquanto deveria estar lúcida. “Vamos assistir?” ouço você me dizendo e de repente me sinto tão infantil por te querer com toda essa intensidade de mulher. Moça feita, menina já pronta. E meus lábios tremem com aquele desejo de me aconchegar no teu peito e me afogar nas tuas águas. Perder o ar e implorar por fôlego, oh, por favor. Receber cócegas e chorar te pedindo que pare. Sentir aquele arrepio novamente, aquela sensação de oh, poderia ficar aqui por horas. “Claro, amor. Sente-se aqui. Vamos assistir.” eu digo, encerrando e guardando à sete chaves esses encantos e vontades de menina. Sou mulher, sou adulta. Mas acima de tudo, humana. Sinto. Mas guardo. E muito bem guardado.

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